19 fevereiro 2015

preta, pretinha



eu estava andando pela rua, sozinha, toda encolhida de frio, pensando na sua pergunta de outro dia: “menina, você não tá sofrendo aí nessa tar de dublin, não?”, quando o assovio da natalia mallo bateu fundo no meu ouvido e me lembrou de um sábado em que eu cheguei em casa às 10h30 da manhã, sem dormir.


fazia um sol lindo, eu estava sorridente, descabelada e com a cara borrada de maquiagem; e pensava em onde é que tava você. liguei o computador pra saber notícias suas e você tinha me mandado essa música. você já estava em casa. bem, sã, salva e linda. a gente tinha se dispersado lá pelas quatro da manhã.


eu pensei agora: que saudades de você, das nossas noites e de tudo que a gente foi. nos encontramos em londres depois de tantos planos sonhados debaixo de sol tropical, tal qual um conto. a gente dançou, riu, e brigou na rua, fez as pazes, receosas; e se despediu. eu tentei ficar ressentida porque na minha volta prai você não fez questão de me ver, mas eu olhei suas fotos do carnaval. eu não consigo me ressentir. você é só amor, não tem jeito.

lembrei da nossa última longa conversa por meio de cabos de fibra óptica e ondas eletromagnéticas, e a gente falava de amor. embora não tenhamos dito, ficou nas entrelinhas esta ideia de que a gente não presta muito pro amor egoísta e romântico. a gente tem um coração arisco, mas nele cabe um mundo inteiro, o que é uma bela contradição. 

nessa toada de saudades, eu entendi que meu amor é todo gasto com meus amigos mais queridos, e fica gravado nesses momentos alegres e sutis que a gente compartilha. meu amor romântico é todo seu, pretinha.

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(e só agora notei que a sua declaração pública de amor por mim acabou de completar um ano).

Um comentário:

Tati disse...

Não tem jeito. Eu amo você, mesmo. Tenta imaginar o tamanho da falta que você me faz...