23 janeiro 2013

caminho de girassóis

Eu perco fácil o fio do pensamento. Posso estar para concluir a frase, bate um vento e puf: esqueci.

Um dia, faz tempo, a gente andava de carro numa estrada cercada dos dois lados por plantação de cana de açúcar, e meu pai dirigia. Notei que ele cismou em olhar pra cima, quase perdendo rumo da estrada, que por sorte era vazia. Olhou bastante tempo, depois mostrou para mim que ia acompanhando com os olhos o voo de um passarinho, que parecia que seguia o carro. Vai saber quem seguia quem.

Outra vez eu ia de fusca com meu irmão por uma estrada que ele já conhecia, eu ainda não. Por uns 10, 12 quilômetros, ele foi apontando girassóis perdidos no acostamento: parecia que ele já tinha decorado a moradia de cada um. Avisou: vai ter mais uns dois no canteiro do meio, depois acaba. E assim foi. Daí ele falou da teoria que ele mesmo desenvolveu sobre um caminhão de sementes que passou derrubando os embriões de girassol. Quase todos voaram para o acostamento, e dois para o canteiro central da pista. Achei bonito porque quase ninguém que passa por aquela estrada nota os girassóis.

Eu sou muito desligada deve ser por isso: nasci numa família de poetas.

Um comentário: