Quando um livro vai chegando ao fim eu começo a ler bem
devagarzinho que é pra não acabar. Eu me apego aos personagens e fico triste quando
vejo que está chegando a hora de me despedir deles.
Faz uma semana que estou nas últimas dez páginas do “Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios”, e eu fico pensando que
queria que Lavínia e o menino da casa da dona Jane ficassem mais uns meses na
minha vida. Inevitável, as pessoas, reais ou não, têm que passar uma hora.
Na última semana o livro parou de vez na minha estante, ficou
lá abandonado, junto com a minha vida, por sete dias que foram para mim o ápice
de uma era (cada um mede como quer o tempo interior).
Tudo precisa do caos para recomeçar, e depois dessa
última semana, que qualquer pessoa com um mínimo de crença em algo não tangível
irá relacionar ao começo de agosto, voltei de um lugar que não sei bem onde
fica: se tão perto ou tão longe daquilo que entendo por “eu mesma”.
Sábado, depois do que parece ter sido a semana mais intensa
do ano, que começou na sexta-feira de uma semana antes, cheguei em casa
cansada, tentei ver um filme e dormi. Acordei duas horas depois, sem saber onde
estava, se havia jantado, e se tinha tomado banho. Sóbria, mas sem saber nada
de mim: meu corpo avisando que era hora de parar. Depois de 15 minutos me encarando
no espelho, voltei para a cama e só saí de lá 10 horas depois, para um domingo
de calmaria.
Hoje fiz café da manhã, tirei a poeira dos móveis, peguei as
roupas do chão, juntei os cds que ficaram fora do encarte sabe-se lá por quanto
tempo, terminei de ler a revista do mês passado e desembrulhei a deste mês.
Lavei roupa, limpei os restos de comida do fogão, coloquei o lixo para fora,
trabalhei. Faltam cinco páginas para o fim do livro, e de hoje elas não passam.
Tirei também a poeira deste blog. Voltei.
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