03 janeiro 2012

tchau, até logo, se cuida

Não me saio bem em despedidas, independente do tempo que elas vão determinar até a próxima volta. Fosse breve ou adeus, queria eu poder sempre sair à francesa: olhar de longe os que se abraçam e ir embora pela porta dos fundos.

Ironicamente, minha vida é feita de despedidas. Morei em sete cidades, e em algumas delas mais de uma vez. Uma vida de idas e vindas, e de adeus, e de saudades. De todas essas cidades, a mais marcante foi Dois Córregos.

Foi lá que eu cheguei numa manhã fria e nublada, no dia em que os Mamonas Assassinas morreram, e não bastasse essa tristeza, eu chegava de mudança sem conhecer ninguém, sem saber onde seria minha casa, quem seriam meus vizinhos, como seria a escola.

Hoje eu olho as roupas, móveis e tranqueiras nas caixas para a derradeira mudança dos meus pais e penso que a cidade que me recebeu com chuva e dia triste só me trouxe alegrias. Foi lá que eu passei tardes caminhando nas ruas quando não tinha mais nada para fazer; matei aula para ficar na praça da escola; conheci meu primeiro namorado; tomei meu primeiro porre; chorei por amor pela primeira vez; tive as piores - e mais ridículas - brigas com meu irmão;  sentei na calçada para rir, para chorar e só para falar da vida; foi de lá que eu sai com a mala nas mãos e sem olhar para trás para, pela primeira vez, ir morar longe dos meus pais; foi para lá que eu voltei quando resolvi deixar a primeira faculdade e foi lá que eu conheci amigos que sei que vão estar comigo para sempre.

E agora, com o coração apertado, é para essas pessoas, e para esse lugar e essa casa com portão de madeira e árvores na frente que eu olho. Assim, de longe. E vou embora quietinha, como se nada tivesse acontecido - mas com a alma cheia de boas lembranças e já transbordando saudades.

4 comentários:

michelaalbano disse...

Minha linda Carol sei que a distância nada interferirá em nossa amizade, porque o carinho e o respeito que aprendi a ter por você, são inabaláveis. Desejo que você e sua família sejam muito felizes no novo lar. Te amo.
Ps.: Continuará a ter um lar em DC (minha casa).
Michela Albano

Alex disse...

Caramba, tive que dar aquela respirada no final do texto!

Vinicius Souza disse...

profundo...

Thiago Rocha disse...

Um dos melhores de todos, e olha que eu gosto de todos, rss
Bonito sem ser piegas, uma linha tênue em que poucos conseguem se manter sem atravessar