A rua era deserta e os postes mal iluminavam suas próprias bases. Se passasse ali um lobo uivando, em nossa frente, pouco me surpreenderia; combinaria com o cenário. Eramos três, andando e cantando. Jeans velhos, cabelos despenteados, cigarros em mãos. Na cabeça, antes a alucinação que a memória: escolha própria. Andávamos por aquelas ruas e nossa presença era tão forte e pesada que parecia que o solo de nossas botas poderia afundar o asfalto gasto: era o peso de nossos pensamentos, de nossas vidas.
Um tinha os olhos brilhando. Outro tinha brilho no sorriso. E não havia motivo algum para isso e nem para estarmos ali andando àquelas horas, àqueles lugares, àquelas vozes exageradas.Não havia motivo algum para nada e por isso fazíamos tudo.
O primeiro bar que apareceu nos fez parar. E eu olhava para cima, para todas as luzes da cidade, para as luzes do mundo, que se escondiam pelo céu aberto. Olhava para cima até trombar na mesa, e nela paramos. A cerveja, o conhaque desciam bem. E invadiam as mentes vazias, que se enchiam de versos, luas, cores e pessoas. O mundo todo sendo tratado naquela mesa velha de bar, sob pontos de vista nunca antes imaginados. Tudo passa por mentes vazias de memória. Todos riam, cantavam e bebiam. O quarto elemento chegou, e com ele novidades e saudades. Precisávamos ter todo o mundo ali por perto, e precisávamos saber ajustar esses ponteiros malucos para poder cuidar de tudo, para poder beijar, abraçar, beber, mudar...Esse ponteiros loucos, que rodam sem parar, que nem pensam no que fazem com os outros. E esses loucos todos que precisam tanto desses ponteiros para viver. Que regem suas vidas, seus gostos, paixões e vontades por aqueles ponteiros de merda que no fim destróem tudo. Precisávamos fugir daquilo. E a noite era propícia para isso. Os amigos e as bebidas ajudavam a acabar com essa paranóia toda. Precisávamos falar, criar. E o céu foi se colorindo, se tranformando. Agora estávamos numa calçada qualquer. Os quatro sentados, ainda com suas mentes e olhos brilhantes. O sol chegava devagar e eu só queria olhar, enquanto ele vinha devorando todas as alucinações. Minha mente se abria a outras idéias. Era preciso mudar, mas não havia como. Já não havia mais o que ser feito com todos esse outros homens por aí. A criatividade se esgotou, não há mais revolução para se inventar. É preciso salvar minha mente...
(Inspirada pelo beat, sim.)
4 comentários:
Pode adicionar, sim.
E trate de salvar a mente! ;)
Esqueci de comentar.
As 100 do Mario Prata, é um dos livros que ando lendo. ;)
ahhhhhhhhhhh cade o upgrade desse blog?!?!?!
Só vim aqui pra reclamar =)
esses dezembros sempre tão intensos. e difíceis.
e eu gostei daqui. me senti bem. :]
un beso. :*
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