Ela se arrumou antes com paixão que com dedicação. A roupa escolhida a dedo, entre todos aqueles decotes e fendas. Escolheu algo não que realçasse os olhos azuis ou os pequenos seios, mas a alma: vestiu vermelho. Soltou os cabelos caídos em ondas, perfumou-os. Ondas de perfume envolventes. Olhou os pés e calçou-os. Cada detalhe era importante, era cada pedacinho que depois seria dele. E sentiu a boca quente, úmida. Pintou os lábios com a cor da alma, já pensando em logo mais descorá-los, manchando o outro. Foi.
No local marcado não era o homem esperado que a esperava. Não era aquele dos lábios finos merecedores dos beijos rubros que ela levava; era outro. Era o passado inacabado. Inacabado, principalmente para ele. E ele a esperava com o mesmo olhar de angústia de quando ela o deixou. Mas a boca daquele homem não se apertava mais em piedade e sim em ressentimento. No primeiro passo seco dele em sua direção, ela percebeu para que ele vinha. Se ajoelhou aos pés daquele homem que um dia amou. Era um pedido feito com os olhos e com o corpo: “me deixa em paz”.
Mas o homem do rosto perturbado não sabia mais o que era paz desde quando uma porta se bateu por traz daqueles cabelos loiros dizendo adeus. Implorou para que ela se levantasse. Ela, em lágrimas, obedeceu. Beijou escandalosamente, piedosamente, a boca fechada dela, espalhando o batom pela pele, sua e dela. Tirou do bolso a faca e fez ela toda pintar-se da cor da alma apaixonada. Misturou suas quentes lágrimas ao vermelho quente dela. Ouviu seus últimos apelos, como se ouvisse sua declaração de amor eterno. Deu de costas e saiu sereno, como se finalmente ela fosse somente sua, para sempre.
2 comentários:
Nossa... que hist. massa
curti paks..........
realmente.. c tem o dom pra escrever.. a história... mow envolvente...
curti msm...
bjO.. parabens.. e que a cada dia Deus te abençõe muito mais...
isso é quase Sin City...rs
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