Acordo em mais um dia de chuva e penso que São Pedro usa os
mesmos métodos educativos dos meus pais.
Quando era criança, minha irmã inventou de comer chokito
(isso mesmo, o chocolate da lacta ou garoto, não sei). Não parava de falar de
chokito, foi um dia inteiro primeiro pedindo, depois chorando e por fim
esperneando.
Dez anos atrás as coisas não eram fáceis rápidas e
onipresentes como são hoje. Você não ligava o computador, digitava chokito e
aparecia o mapeamento da cidade com todas as lojas onde vendem chokito, a
variação de preços e as formas de entrega e pagamento. Além disso, as mães
saiam cedo para trabalhar e quando ficavam em casa tinham que lavar e passar. Sobrava
pouco tempo para fazer as outras coisas, como comprar chokito no dia que não
era dia de supermercado.
O tanque cheio de roupa suja e Heloísa chorando por chokito. Minha mãe
deixou roupa de molho, louça na pia, mesa sem toalha e saiu sem falar nada.
Voltou com uns dez, doze chokitos. Desembrulhou um por um, colocou sobre a mesa
e chamou a menina: quer chokito? Pois vai comer.
Até o terceiro, foi só alegria. O quarto já desceu mais
devagar e o quinto ela empurrou de lado depois da segunda mordida: não quero
mais.
Foi sob doces ameaças e palavras de carinho que minha
mãe fez a menina comer pelo menos mais uns três.
É assim São Pedro. A gente pede chuva, reclama do tempo
seco, faz reza, dança, grupo de oração, ele então cansa: é chuva que vocês
querem? Tome chuva.
Claro que Heloisa continuou pedindo coisas, não mais chokito
porque temos kit kat, alpino, suflair, kinder ovo. Claro que com mais dois dias
assim, a gente começa a pedir por sol.
Um comentário:
Educar é um trabalho de repetição...tanto até que enjoa! Interessante blog. Parabéns!!
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