18 junho 2009

...ainda sobre o diploma...

O problema é que, no Brasil, o povo acha que Universidade é sinônimo de emprego garantido. Não é. Universidade é lugar de aprofundamento teórico, de busca de conhecimento. Quem gosta de estudar, de conhecer, de aprender sempre mais, deve ir para a Universidade. Mas quem quer só um emprego garantido, deve procurar curso técnico. Na Alemanha – exemplo de educação, convenhamos – é assim que funciona. As profissões clássicas (médicos, juízes e advogados, professores) têm curso universitário. Nos outros casos, basta um curso técnico. Inclusive jornalistas. É claro que não se compara Alemanha com Brasil. Mas é um exemplo de como brasileiro distorce a função do diploma universitário.
E por favor, nada de comparações do tipo “mas imagina se isso se estende para outros meios...”. Isso nunca esteve em discussão e nunca acontecerá. Não dá para comparar as conseqüências que um erro de um engenheiro civil pode trazer com as conseqüências de uma notícia errada. No caso do jornalista, é só mandar uma ERRATA e pronto. E se um engenheiro erra os cálculos de um prédio? E se um médico erra o diagnóstico? Nada de relembrar o caso da escola BASE. Foi um erro gravíssimo da imprensa, deixou seqüelas tão profundas quanto um erro cirúrgico. Porém, é um caso isolado.
Brasileiro tem que parar com essa mania de que só é intelectual quem está dentro da Universidade. Todo cidadão deveria ler, informar-se, conhecer história, artes, literatura. Erro estrutural, claro. Nosso sistema educacional é falho. Tudo o que deveria ser ensinado desde o pré-primário vai sendo jogado pra frente. Quem quiser ser inteligente que faça faculdade e pronto. E aí, as pessoas usam o argumento de que só alguém com curso universitário estaria apto a escrever notícias, pois tem técnica e embasamento teórico. Técnica jornalistica é algo que se aprende muito bem com dois anos de curso técnico. E embasamento teórico é coisa que todos deveriam ter – e mais ainda quem quer ser jornalista. Nas salas de aula das universidades há pessoas que nem sabem porque é que estão lá assistindo àquele professor que fala sem parar. Muitos alunos – vejo isso todo dia – preferem ler um livro a ouvir o que o professor fala. Porém, continuam dentro da sala de aula, para garantir a presença e ganhar o diploma no final.
Por um lado, é de se preocupar: se a chamada “elite intelectual” brasileira acredita que diploma é mais importante que conhecimento, o que pensar dos que não estão nas salas das universidades? É bom temer: eles podem roubar sua vaga.



E só mais isso:

Enquanto muitos vêem o fim do mundo com a nova lei da não-obrigatoriedade do diploma, eu vejo uma esperança. Abre-se a possibilidade de aqueles que não têm um diploma e sempre desejaram ser jornalistas irem em busca de conhecimentos para igualarem-se aos diplomados (pois, apesar da lei, o diploma ainda é uma vantagem a frente dos outros). E chega a hora de os jornalistas – essa classe desunida com o ego maior que qualquer visão que vá além do óbvio “ai, meu deus e meu emprego?” - unirem-se e, quem sabe, tentarem mudar alguma coisa.

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