17 agosto 2007

“Eu gosto dessas horas, quando o sol pinta o céu de colorido, e a gente vê o rosa, o laranja, o azul. Dá uma sensação de... É tipo amor de viagem, sabe? Amor de uma noite, de uma festa. Você sabe que foi bom, mas que nunca mais vai voltar. Aquele aperto no coração que dá na hora de falar tchau, sabe? É isso que sinto quando vejo esse céu, o sol indo embora. É uma tristezinha boa, uma quase nostalgia...” E ele então se preocupa: “mas um amor de viagem, desses que você falou, é mais eterno que o meu?”
Ela sorri, e deita a cabeça no ombro dele. Olhar perdido no horizonte, escolhe não falar nada.
Pensa que o amor dele é eterno e presente, sempre. É o conforto, a paz e o colo. E que os amores que se foram marcaram, mancharam e pisaram. O dele acalmou. Os outros foram tempestades fortes, coisas de mexer dos fios de cabelos aos dedos do pé, de fazer tremer, mas de nunca ter vontade de continuar, nunca querer saber como vai ser amanhã, como vai ser o “bom dia”. O dele foi o depois, o aconchego, os sorrisos e lágrimas doados e recebidos com mais lágrimas e sorrisos. Era amor de de manhã, e de depois, de até a noite, até mês que vem. Amor de fazer planos, de querer saber do que gosta, como come, como dorme, se sonha. Amor de se doar sem medo. Os outros ficavam na memória, e ela pensava que todos aqueles outros foram lapidando-a para ele, foram levando-a a ele, porque depois de todos aqueles sentimentos dolorosos, efêmeros, ela precisava daquele colo, das mãos calmantes nos cabelos. Entendeu que amores são todos eternos e os passados mudam os futuros. O amor dele só é porque ela teve aqueles todos outros. E o dele vai continuar sendo, enfim.
“Eu acho que a gente morre um pouquinho cada vez que o sol se vai...”.

Um comentário:

Equipe Rabiscos À Mão Livre disse...

É do tipo que faz gostar dos defeitos, dos silencios, das brigas e das incompatibilidades. É do tipo que faz escrever, e ser tola...tão tola que se entrega aos versos mais destemidos e melancólicos. Do tipo que faz sorrir sem qualquer motivo, e esquecer que ainda pode ser cedo!


Keissy